Os cães, tal como os humanos, podem experienciar ansiedade, stress e medo em diversas situações, como viagens, idas ao veterinário, trovoadas ou até mudanças no ambiente. Nestes contextos, o uso de calmantes para cães vendidos em farmácias pode ser uma solução prática e eficaz para promover o bem-estar do animal. Contudo, há diversos tipos de calmantes disponíveis no mercado, e é essencial compreender as suas diferenças, os riscos associados e os cuidados a ter na sua administração. Neste artigo, vamos explorar em detalhe os calmantes para cães que se podem encontrar em farmácia, as suas indicações, vantagens e precauções a considerar para garantir a segurança e saúde do seu melhor amigo de quatro patas.
Tipos de calmantes para cães disponíveis em farmácia
Os calmantes para cães disponíveis em farmácia dividem-se, essencialmente, em duas categorias: os produtos naturais e os medicamentos prescritos. A escolha entre uma ou outra opção depende do tipo de problema que o cão apresenta, da intensidade dos sintomas e da recomendação de um profissional veterinário.
1. Calmantes naturais
Os calmantes naturais são, geralmente, a primeira linha de abordagem quando se trata de ansiedade ligeira ou situações pontuais e previsíveis, como uma festividade com fogo de artifício ou uma viagem curta. Estes podem ser adquiridos em farmácias sem necessidade de receita e incluem normalmente compostos como:
- Passiflora incarnata (Flor da Paixão) – conhecida pelas suas propriedades ansiolíticas e sedativas suaves;
- Valeriana – planta com efeito calmante, usada tanto em humanos como em animais;
- Camomila – com efeitos calmantes ideais para situações de stress leve;
- Triptofano – aminoácido que ajuda na produção de serotonina, neurotransmissor associado à sensação de bem-estar;
- Feromonas sintéticas – disponíveis em forma de difusores ou sprays, imitam os sinais químicos naturais que ajudam os cães a sentirem-se seguros, como o ADAPTIL.
Estes produtos são considerados seguros, têm poucos efeitos secundários e podem ser utilizados por períodos prolongados, desde que respeitada a dosagem correta. Contudo, apesar de naturais, devem sempre ser utilizados com acompanhamento veterinário, sobretudo em cães com outros problemas de saúde ou que façam medicação habitual.
2. Medicamentos calmantes com receita veterinária
Quando os sintomas de ansiedade do cão são persistentes e interferem com a qualidade de vida, pode ser necessário recorrer a medicamentos de prescrição obrigatória. Estes devem ser sempre administrados sob orientação de um veterinário.
Exemplos de medicamentos que podem ser prescritos incluem:
- Diazepam – ansiolítico da família dos benzodiazepínicos, utilizado para casos de ansiedade severa. Deve ser administrado com muita precaução, pois pode causar dependência ou sedação excessiva;
- Trazodona – antidepressivo com efeito ansiolítico e sedativo, geralmente usado em contexto de ansiedade de separação ou fobias específicas;
- Dexmedetomidina – geralmente utilizada em gel oral (como o Sileo), é indicada para ansiedade aguda associada a ruídos intensos, como fogos-de-artifício;
- Fluoxetina – inibidor seletivo da recaptação da serotonina (ISRS), efetivo em casos de ansiedade crónica e comportamentos compulsivos.
É fundamental compreender que o uso destes medicamentos visa, muitas vezes, correções de longo prazo. A administração não deve ser feita de forma esporádica ou sem avaliação profissional, dado o risco de efeitos adversos e interações medicamentosas.
Cuidados no uso de calmantes e recomendações importantes
Embora a existência de calmantes para cães disponíveis em farmácias facilite o acesso dos tutores a soluções temporárias para o bem-estar animal, é crucial que o seu uso seja feito de forma responsável. Há diversas considerações a ter em conta para garantir que estas substâncias cumprem o seu objetivo sem comprometer a saúde do animal.
1. Avaliação comportamental prévia
Nem todo comportamento inquieto ou agitado justifica o uso de calmantes. É importante que o tutor esteja atento aos sinais que o cão apresenta e que procure, sempre que possível, a avaliação de um veterinário ou de um especialista em comportamento animal. Em muitos casos, a ansiedade pode ser tratada ou reduzida com mudanças no ambiente, melhoria na rotina de exercício e enriquecimento ambiental.
2. Evitar a automedicação
Um dos erros mais comuns é a automedicação dos cães com produtos humanos ou medicamentos animais sem indicação profissional. Muitos medicamentos usados em humanos são tóxicos para cães, e mesmo doses pequenas podem ter efeitos perigosos. Além disso, a fisiologia canina é diferente, sendo essencial que qualquer fármaco seja adaptado ao peso, idade, raça e estado clínico do animal.
3. Monitorização de efeitos secundários
Mesmo os calmantes naturais podem desencadear reações adversas. Sintomas como vómitos, letargia extrema, dificuldades respiratórias ou alterações de comportamento devem ser sempre comunicados ao veterinário. Ao iniciar a administração de qualquer calmante, o tutor deve observar atentamente o animal nas primeiras horas e nos dias seguintes.
4. Combinação com terapias comportamentais
O uso de calmantes, por si só, raramente resolve problemas comportamentais de forma duradoura. A maioria dos casos de ansiedade em cães beneficia significativamente com o complemento de terapias comportamentais baseadas em reforço positivo, dessensibilização ou alteração de hábitos.
5. Escolha da formulação mais adequada
Atualmente, a oferta de calmantes em farmácia inclui variadas formas de administração: comprimidos, xarope, sprays, biscoitos funcionais e até coleiras impregnadas com substâncias calmantes. A escolha ideal depende da facilidade de administração ao animal, da rapidez do efeito desejado e da duração necessária.
6. Uso em situações específicas
Se o tutor conhece previamente situações geradoras de ansiedade, o uso programado de calmantes pode ser uma excelente estratégia preventiva. Nestes casos, deve optar-se por produtos de ação rápida ou que possam ser administrados algumas horas antes do evento (por exemplo, uma mudança de casa ou uma celebração com muitos convidados).
Já em casos de ansiedade crónica, o tratamento requer abordagem contínua e, muitas vezes, medicação prolongada, sempre sob vigilância veterinária. O sucesso está na persistência, adaptação contínua da terapia e na colaboração entre tutores e profissionais de saúde animal.
Em suma, os calmantes para cães disponíveis em farmácia representam uma solução válida, desde que usados com conhecimento e responsabilidade.
Conclusão
O uso de calmantes para cães adquiridos em farmácia pode ser uma ferramenta útil para tutores que desejam ajudar os seus animais a lidar com situações de stress ou ansiedade. No entanto, é fundamental distinguir entre opções naturais e medicamentosas, compreender os riscos de cada uma e garantir sempre a supervisão de um profissional de saúde veterinária. A automedicação nunca deve ser uma opção. Com o devido acompanhamento, será possível melhorar a qualidade de vida do animal, garantindo o seu bem-estar físico e emocional. Com informação, paciência e orientação correta, cada cão pode encontrar tranquilidade mesmo nas situações mais desafiantes.